11 abril 2013

O Sonho de Isabella - Capítulo 3


           − Como foi que ela sumiu? − Liana estava no limite da fúria. − Se ela ao menos conhecesse Veneza, mas ela está perdida e num lugar desconhecido.
            Maria, que estava chorando, gritou:
            − Sua culpa! Se você não a tivesse preso todos esses anos ela não estaria nessa situação agora. Fizemos tudo por ela. A criamos como filha, e não é justo, agora sabe-se lá onde ela está enfiada.
Lady Liana
            − Minha culpa? Humberto desejava conhece-la, faz quase 20 anos que ele não a vê. Ele estava preparando um casamento pra ela fora da Itália, para que não ficasse manchada com o meu nome. Ele iria apresenta-la ao Duque de Albany essa noite, Albany iria leva-la para a Inglaterra e casa-la com um primo pobre, mas que tem uma propriedade rural, segundo Humberto um bom rapaz, o dote de Isabella iria ajudar a reconstruir a propriedade dele.
            Lorenzo serviu uma bebida pra cunhada.
            − Humberto já sabe? − perguntou ele.
            − Avisei-o assim que demos pela falta dela. O duque me odeia porque o recusei, se soubesse que Isabella era minha filha jamais ajudaria, então Humberto falou que era sua afilhada, o que de fato é, ela foi batizada na igreja como afilhada de Humberto e sua esposa contrariada por batizar a filha da cortesã que tirou seu marido de sua cama por anos. Ele esta mandando perguntar a todas as famílias de Veneza sobre o desaparecimento de Isabella, mas isso pode levar dias e só Deus sabe o que poderá acontecer até lá.
            − Acha que Isabella pode ter sido abusada ou perdido sua virtude?
            − Não sei, mas rezo para que não. Ela estaria arruinada em Londres, ingleses são intolerantes demais com esse tipo de comportamento.

            Humberto andava de um lado ao outro do salão de sua residência em Veneza. Dera ordens de não ser incomodado, mas quando o Duque de Albany requisitou sua presença, ele autorizou a entrada.
            − Desculpe meu amigo, mas imaginei que você estivesse a disposição, se não é uma boa hora podemos conversar depois.
            − Joseph, pra você nunca é má hora, sente-se.
            Sentando-se ele serviu-se de um copo de vinho, essa atitude perante um rei seria ofensiva, mas não entre velhos amigos.
            − Vim comunicar-lhe que, por motivos pessoai,s eu não poderei atender seu pedido imediatamente. Volto para Londres hoje, mas em duas semanas, no máximo, voltarei e afirmo que você pode preparar tudo que trarei meu primo aqui e faremos o casamento aqui mesmo, ele esta sob minha tutela e não fará oposição.
            − Não haverá mais casamento, e esse é o motivo de minha preocupação.
            − Mas, o que houve Humberto?
            − Minha afilhada não estará talvez disponível para o casamento, melhor esperarmos e mando noticias pra você, por enquanto é só o que eu posso te dizer.
            Nesse momento uma confusão instaurou-se na porta do salão e uma tempestade chamada Liana adentrou o recinto do rei seguido por uma enfurecida rainha.
            − Humberto, exijo que você mande sua esposa parar de me puxar os cabelos ou não responderei por mim!
            − Carlos! Retire minha esposa da sala para que eu possa conversar com Lady Liana a sós. − ordenou Humberto.
            − Você me paga Humberto, você sua vadia e a filha bastarda de vocês! − gritou a rainha enfurecida.
            − Achou Isabella? − Liana perguntou angustiada. − Estou preocupada que alguém tenha raptado ela. Alguém que saiba quem ela é.
            Joseph levantou-se naquele instante e ia pedir explicações a Humberto, mas não precisou.
            − Sente-se Joseph, agora que já sabe disso talvez possa nos ajudar e esqueça as brigas de vocês no passado. É de minha filha que estamos falando e podem usa-la para tudo até pra derrubar meu trono.
            − Você tem uma filha com Liana? Então vocês mantém um caso?
            − Não mais, isso acabou há uns dez anos atrás, quando meu herdeiro nasceu e minha esposa exigiu que eu acabasse com isto. − Ele estava transtornado − Liana não é só uma cortesã, na verdade ela não é uma cortesã, é uma espiã do serviço secreto, uma muito eficiente, pois consegue atingir círculos que jamais conseguimos, ela foi minha amante por anos e apenas minha. Tivemos uma filha chamada Isabella. Mas eu era um rei e tinha responsabilidades com meu trono, e ela precisava continuar o trabalho dela. Quando ela lhe recusou, não expliquei nada, pois na época estávamos investigando coisas sérias. Depois passou e achei melhor não mexer em feridas já cicatrizadas. E acho que seu orgulho saiu mais ferido que você em si.
            − E Isabella seria a esposa de meu primo?
            − Essa era a idéia original − respondeu Humberto.
            − Bella é muito inocente, ela viveu reclusa quase toda sua vida, só não a enviei a um convento, pois Humberto tornou-se protestante.
            − Bella? − Joseph estava horrorizado − E como ela é?
            − Tenho uma pintura dela aqui, é de dois anos atrás, mas você conseguirá reconhece-la. − Retirando um rico colar de ouro do pescoço, Liana mostrou a miniatura do rosto de Isabella ao duque.
            Joseph se sentou e pediu uma bebida.
            − Bem tenho duas notícias pra dar a vocês, que talvez não sejam recebidas por ambos como boa, mas, não há como enrolar, Isabella está comigo em minha casa, eu a encontrei bêbada ontem na festa e a levei.
            Aliviada Liana começou a chorar.
            − Sinto que a segunda notícia eu terei que duelar com você Joseph.
            − Não Humberto. A segunda notícia era que eu pretendia me casar com ela em Londres. A deixei sob os cuidados dos criados enquanto, vim falar com você. Ela concordou ir pra Londres, porque ao perguntar sobre o pai, ela ficou rubra e quando mencionei a mãe ela ficou pálida, então, quando falei de casamento ela sentiu-se aliviada. Mas não concordou sobremaneira em ser minha esposa.
            − Oh, Deus você a deflorou! Pobre Bella, esperava ter tempo de prepara-la para isso.
            − Creio que ler Sade foi bem elucidativo senhora. Aliás, agora tenho que lhe tratar como? Me recuso a chama-la de mãe já aviso.
            − Senhora é o suficiente, acho que nossa pequena cresceu, Humberto. E seu amigo estragou meus planos.
            − Por que?
            − É importante que Isabella permaneça no anonimato, minha irmã e meu cunhado a criaram. Mas,  qualquer pessoa que saiba que Isabella é filha minha com Humberto teria uma importante arma nas mãos.
            − Ela não precisa sair do anonimato. Podemos nos casar aqui, eu a levo pra Londres e quando retornamos, ela será a duquesa de Albany e ninguém irá questionar sua origem. Posso dizer que ela é de Borgonha ou da Sardenha, como minha família. Em Londres bastará saberem que é Italiana e de família nobre. O que ela é, mas lhe negaram o direito.
            − Meu cunhado como o senhor é um duque. Isabella é registrada como filha dele e de minha irmã, o que não tira seu mérito como uma nobre. Ele também faz parte da rede de espiões, e o filho dele com a esposa, que vivem na França. Somos uma família um pouco fora dos padrões, mas somos nobres.
            − Minha Senhora, sou filho de uma costureira, não me importo com linhagem. Nasci como Isabella, um bastardo e não matei meus irmãos pra ganhar o título, a febre os matou. Mas hoje, eu sou um duque, e Isabella será minha duquesa.
              É interessante que ela pareça nobre, porque a sociedade Londrina a destruiria se não o fosse. Mas, como vocês são uma família fora dos padrões, talvez, mesmo sendo, ela não pareça.
            − Se está questionando a educação dela, assim como a de Eugênia, minha sobrinha, foi exemplar, fala várias línguas e sabe se comportar como uma dama, nada que a macule perante a sociedade londrina, garanto.
            − Marquem o casamento. Eu a trarei pessoalmente pra cá. Prefiro que seja rápido, ainda essa semana se possível.
            − Leve-a nesse endereço. − Liana lhe entregou um cartão − peça para ver Lorenzo e diga que eu pedi para entregar Isabella lá. Diga que prepare tudo para o casamento, tenho que sair daqui e fazer uma visita, depois das onze estarei na casa de minha irmã. E enquanto não saem os proclamas sugiro que visite e corteje Isabella para que ninguém pense mal dela, somente alguns amigos irão a esse casamento. Mas ainda sim há sempre as esposas e suas línguas afiadas.
            − Estarei lá as quatro. Avise seu cunhado. Mande um mensageiro.
            − São apenas uma da tarde, porque somente as quatro?
            − Porque sou humano e vou tirar nessas três horas a má impressão que minha futura esposa tem de mim. Ia fazer isto na viagem, mas como não terá viagem, será agora ou nunca.
            Saiu do salão deixando um Humberto e lady Liana estarrecidos.

Um comentário:

  1. Obrigada querida Andressa, adorei a visitinha, já fui ao seu blog e adorei. Já estou te seguindo.
    Bjs

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