10 novembro 2011

Espírito de porco


Meu maior defeito é a falta de paciência. Tenho trabalhado muito nisto, tenho procurado sorrir e rir das coisas que me incomodam, mas ainda não me tornei um verdadeiro penitente, que aceite e suporta tudo calado.

Meu lado Saraiva (aquele personagem do Zorra total que falava: “perguntas cretinas, respostas idiotas”) ainda é muito marcante e presente em meu ser.  Pois bem, esta semana, passei por uma situação...

Estive em uma festinha entre amigos, muitos dos quais me conheceram solteira; acompanharam as alegrias, as dores e o fim do casamento; agora suportam (resignados) minha alegria de viver divorciada, solteira (mas nunca sozinha!) e em busca de um novo amor; porém sempre tem algum espírito de porco pra fazer a maldita pergunta: e o falecido marido? Tem noticias? Ou pior ainda: e meu amigo, você tem falado com ele, quando vocês vão voltar?
 
Essa pergunta foi demais pra mim! Como assim criatura desmiolada? Não tem medo de perder o penduricalho que carrega sobre os ombros? Não tem medo de ouvir: “Tá com pena? Fica pra você?” E ganhar o troço do meu ex marido embrulhado em papel de presente?

Ouvi a pergunta e tentei, tentei, mas tive que responder: “espero que esteja morto e enterrado de cabeça pra baixo. Por que se ressuscitar vai cavar pra China!!! Bem longe de mim”.
O pior é que após esta resposta doce e gentil que dei, ainda complementou: “acho que você ainda o ama... estou certa?”

Foi demais, tive que puxar o rosário do bolso e começar a missa: falei de todos os defeitos dele, dos mais simples aos mais sortidos, especialmente aqueles que mais assustam qualquer mulher.

Mas ela não se conteve, saiu logo com outra pérola: “quem desdenha quer comprar...”

Pois bem, como calar uma pessoa determinada a te unir ao passado? Ou como fazer esta pessoa entender que você tomou um rumo tão diferente na vida após a separação que nem mesmo atração sexual (quanto mais holística) há pelo falecido?

Meu jeitinho de ser, como vocês bem sabem, é o direto e objetivo, sem medo de ser feliz, pois bem, após a última, virei pra ela e disse: “troco feliz e satisfeita meu ex-marido pelo seu marido, aceita?”

“Como assim? Não estou querendo outro homem na minha vida? Meu marido é um doce de homem! Você acha que estou interessada no seu ex? É isto?” E completou com uma risadinha histérica.

Ah, minhas queridas, o Senhor não dá asas a cobra, porque se dá sabe que ela decola vôo e posa onde melhor lhe convém. – “Não sei, não, hein? Quem sabe? Fala com tanto entusiasmo do meu ex-marido... Mas, olha, teu marido é tão especial, tão doce, tão prestativo, que com ele eu até casaria novamente, viu? Com ele não seria apenas diversão por uma noite. Poderíamos fazer a troca numa boa por mim. Tá bom?”

Minha amiga sem noção saiu correndo pro lado do marido, grudou nele  como chiclete o resto da noite e me levou ao riso a noite inteira, com as caras e bocas que lançava pro meu lado.

No fim da noite, quando estávamos indo, fui obrigada a desfazer (ou tentar!) o mal entendido: “querida, não quero seu marido. Estou muito bem com os 25 anos que ando desfilando por aí. Não se preocupe,  seu marido não é o meu sonho de consumo.”

Mas desconfio que ela pensa que estou de fato interessada no homem dela... Fazer o que se ela não conseguiu acompanhar minha ironia quando tentei calar o espírito de porco que a possuía.  Afinal, boca fechada não entra mosquito...

Um comentário:

  1. hahaah otimo, otimooo!!
    Perguntas idiotas, tolerância zerooo!
    Esse povo fala o q quer e depois nao gosta do q ouve neh?

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