20 dezembro 2012

Encontro Inesperado - Capítulo XII



Passei a tê-lo ao meu lado, me apoiando, perguntando sobre minha vida, sobre meu trabalho, sobre coisas que eu nem sabia que eu ainda era capaz de gostar. E descobri que gostava do jeito que ele me apoiava naquele momento tão complicado.

Alguém deixou vazar o resultado do exame de DNA e rapidamente a história e o drama da Sophia foram parar nas paginas dos jornais. O que deixou Alessandro absurdamente irado e incomodado. Tive que aturar seu mau humor durante um dia inteiro, até que ele se convenceu de que não adiantava brigar com o mundo ou pedir a cabeça de alguém em uma bandeja de prata.

Mas como ele é determinado e somente sossega quando obtém as respostas necessárias, naquele dia só se acalmou quando descobriu quem tinha sido o informante da imprensa.

- Alessandro, Alessandro, quer se acalmar? Ficar rondando pra baixo e pra cima não vai te levar a lugar nenhum. Ao contrário, somente vai te deixar mais agitado e a mim também. Sophia já perguntou por você umas duas vezes e você neste quarto fechado, parecendo um leão ferido e enjaulado.

- Mas  estou me sentindo assim. Cheguei a suspeitar de todos – até mesmo de você – mas jamais podia imaginar que a minha namorada faria isto! Você não consegue ver que ela me traiu e me enganou? Espalhou a fofoca aos 4 ventos enquanto eu estou passando por uma crise familiar, de identidade, pessoal? Será que é complicado entender que eu me tornei pai de uma hora pra outra e que minha filha está doente? Será que a minha dor não mer....

- Chega Alessandro. Agora chega! Você está passando dos limites. Deixe pra ter um ataque de nervos depois do procedimento. Eu não quero brigar com você, mas se é pra você perder a cabeça, vá pra casa. Pra mim já está difícil demais ter que lidar com a doença da minha filha e não tenho estruturas pra ver você perdendo a razão.

Quer brigar com ela? Quer perder a razão? Vá atrás dela e aja, mas, por favor, chega!!! Não suporto mais ver você assim. Parece que vai ter um treco.

- Estou perdendo a cabeça. Você tem que entender que ela me traiu. Não esperava isto dela!

- Tente buscar dentro de você a sua razão, o homem que você é. E não adianta procurá-la movido por toda esta raiva, por toda esta dor. Eu sei bem o que é isto e sei que a única pessoa que vai se machucar aqui é você.

- E tem a Sophia...

- Sim tem a Sophia que já perguntou por você umas 100 vezes. Hora chama de Alessandro, hora chama de pai, mas sempre pergunta: “cadê ele?” Vamos voltar pro quarto dela? E nos prepararmos pro centro cirúrgico amanhã de manhã?

- Ok. Somente vou dar orientações a administração do hospital, aos seguranças e a equipe médica. Não quero ver mais uma linha de nossa história nos jornais.

- Alessandro?

- O que?

- Posso te dar um abraço? Quem sabe isto te acalme?

E ele me abraçou com tanta força, que pensei que iria me quebrar. Mas aos poucos foi relaxando e fui sentindo seu corpo se acalmar e seu coração desacelerar e entrar no ritmo normal.

- Obrigado. Acho que precisava de um apoio pra ir adiante. Não entendo como você consegue ficar calma no meio deste turbilhão todo. Eu cheguei agora e já sofro e você aí, no meio deste turbilhão há semanas. Por que demorou tanto pra me procurar?

E enquanto falava, ainda abraçado a mim, com minha cabeça encostada no seu peito, sentindo a mudança de seu humor. Senti-me confortada depois de longas e longas horas de agonia.

- Não sei como consegui. Estou vivendo no modo operacional, automático. Quando tudo acabar e eu superar esta dor, irei desmoronar, mas até lá não posso me dar este luxo. O que eu amo estará no centro cirúrgico nas próximas horas e cada momento com ela me faz muito bem.

De repente senti a energia fluir entre nós, e o abraço mudar pra uma sintonia diferente. Ficamos nos olhando e vi que ele pretendia me beijar, só que sem falar mais nada sai do abraço, sorri pra ele e fui cuidar da minha filha.

Sentei ao lado dela na cama e fiquei pensando e pensando em tudo que foi dito naquele quarto e tudo que aconteceu... no quase beijo dele.

Meditando sobre tudo isto, nem vi as horas passarem,  o dia cair, só fiquei preocupada com a ausência de Alessandro, ele não havia se separado de Sophia nos últimos cinco dias. E hoje ficou distante por quase todo dia.

No fim da tarde, depois de Sophia ter perguntado por ele pela milésima vez. Ele apareceu no quarto. Parecia cansado, meio triste, mas abriu um sorriso lindo ao vê-la acordada e foi dar atenção a ela.

Aproveitei este momento e fui comer algo. No meio do caminho observei que pequenas mudanças haviam acontecido no hospital, seguranças andando de um lado pra outro, os repórteres que estavam sentados na recepção já não estavam mais lá.

Na volta pro quarto, encontrei minha família reunida com Alessandro e Sophia, todos num papo só, todos rindo. Minha mãe me colocou no colo, me deu o aconchego que eu precisava.

Às oito horas da noite, em ponto, o médico entrou no quarto e acabou com a festa que estávamos fazendo. Todos foram convidados a se retirar. Iria dormir com Sophia, ela precisava descansar bem, tomar alguns remédios para a cirurgia cedo. E estava meio assustada.

Alessandro precisava descansar e tomar também alguns remédios, mas decidiu ficar ao meu lado e de Sophia até ela dormir. Acabou dormindo no sofá ao lado da cama. E foi acordado pela enfermeira na hora de ir para o centro cirúrgico, todo dolorido e com cara de cansaço.

- Você não dormiu direito neste sofá. Deveria ter ido pro seu quarto e dormir direito.

- Linda, Linda... você já se olhou no espelho agora cedo? Com certeza dormi mais que você. Vem cá, vem me dar um abraço. - Novamente cai naquele abraço, me deixei ser alimentada pela força que vinha dele. Ouvi-lo falando que tudo acabaria bem, fez um enorme bem pra mim.

Fiquei na ponta dos pés e dei um beijo no rosto dele, desejei boa sorte e permiti que a enfermeira o levasse pro centro cirúrgico.


Um comentário:

  1. Estou amando esse conto e torcendo pelo final feliz, na expectativa. More, more!!!!!

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