21 dezembro 2012

Encontro Inesperado - Capítulo XIII



 Alguns minutos depois foi a vez da Sophia ser levada. A acompanhei até a porta do centro cirúrgico e fiquei por ali, rondando a porta, agoniada para entrar. E tive que admitir que as duas pessoas que mais amava estavam lá e nada eu poderia fazer pra ajudar.

Fiquei ali até minha mãe ir me resgatar e me levar pra a recepção, onde todos estavam reunidos para ouvir as notícias que o médico iria trazer.

Mal ouvia as pessoas falando a minha volta, andava de um lado pro outro, rezava e pedia  proteção para eles.

Era engraçado observar que eu tanto tinha lutado pra manter Alessandro longe de Sophia e eles tinham se dado bem desde o primeiro momento. Agora percebia que tinha sido injusta com ele, mas não queria ceder a tentação de sonhar com um futuro para nós. Mesmo que este futuro fosse de vidas separadas, onde iriamos nos encontrar somente em torno de Sophia.

Com o correr do relógio, sentia minha frustração e agitação de semanas aumentar no peito, a ansiedade parecia que ia explodir dentro de mim. Até que finalmente o médico chegou e disse que tudo tinha corrido bem.

Informou que Alessandro já estava sendo conduzido ao quarto, que em breve minha menininha seria levada também e que por conta do tratamento ser invasivo, não era permitido a todos estarem no quarto com eles e que era pra eu ter cuidado.

Enquanto orava, agradecendo por tudo ter corrido bem, observei que a família do Alessandro estava presente e me dei conta que eu nunca tinha falado com a mãe dele. Ela era alta como ele, magra, muito elegante, de cabelos loiros e a mesma expressão dura que ele tinha no dia a dia.

Fui falar com ela, agradecer pelo filho perfeito que ela tinha, mas antes de abrir a boca tive que sentir o rancor que ela vinha nutrindo por mim. O que me assustou e me tirou do prumo.

- Sabe? Eu não esperava que meu filho ficasse sozinho pra sempre, desejava que ele me desse neto. Mas não esperava vê-lo assim, correndo risco por uma criança que ele mal conhece. O exame confirmou que ela é filha dele, até os olhos são os olhos do meu falecido marido. Mas se algo acontecer a ele por conta desta cirurgia, não irei te perdoar, sabia disto.

- Calma senhora, nem nos conhecemos. E o Alessandro não correu sérios riscos, o tratamento não é tão complicado assim, pelo menos foi isto que o médico nos explicou. Desculpe, mas se você não acredita em mim, por favor, pergunte ao médico.

- Eu perguntei e sei exatamente como é feito. Mas isto não quer dizer que eu estou confortável com tudo que está acontecendo. Irei respeitar a decisão dele, ele disse que não queria saber que eu me metesse nesta história, mas o meu recado já lhe dei. E antes que você pense que poderá dar o golpe do baú, que poderá ficar rica às custas dele, saiba que...

Neste momento senti que a represa de dor, de cansaço, de lutas diárias, de ansiedade, tudo que contive nos últimos meses, ruiu e num ataque de nervos, coloquei toda a frustração que sentia em minha vida sobre ela. Não me importei se outras pessoas iriam ouvir, apenas queria desabafar.

- Sabe por que eu não procurei seu filho quando engravidei? Porque eu sabia que teria que lidar com pessoas de má índole como você!!!

Se meu objetivo fosse dar o golpe da barriga, teria feito isto no passado e não agora. Mas quer saber de uma coisa? Espere teu filho ter alta, passe a mão nele, o leve pra casa e sumam da minha frente! Se é isto que você e todos querem, inclusive ele, saiba, eu também quero isto: distância. Porque a vida me pregou esta peça, me obrigou a procurá-lo neste momento de crise, mas isto não quer dizer que eu o quero na minha cama novamente ou na minha vida.

E muito menos preciso ter você como sogra ou minha filha precisa como avó um ser tão insuportável que não respeita a dor e a confusão alheia. Agora chega, suma daqui. Porque pelo menos pra isto teu filho serve: seguranças! Seguranças! Não quero ninguém da família do Alessandro aqui. Suma da minha frente!

Sai batendo o pé, deixando minha mãe desesperada com meu chilique. Deixando a mãe dele de boca aberta com minha insolência. Catei um canto do hospital – as escadas de incêndio – pra chorar. E chorei toda a mágoa, toda a dor, todo o desespero dos últimos meses, de amar um homem que não podia e não devia amar. Um homem que estava fora do alcance de minhas mãos.

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