22 dezembro 2012

Encontro Inesperado - Capítulo XIV


Senti Ana, minha irmã, sentar ao meu lado, me abraçar e ficar ali comigo até que eu conseguisse me consolar e me levou pra o quarto. Naquele dia precisei de um remédio pra dormir. Não podia chegar perto da Sophia, magoada com Alessandro e com a família dele, só fazia chorar e chorar.

No meio da madrugada ouvi minha irmã falando com alguém: - Não, você não pode entrar e falar com ela. Depois do que sua mãe falou e fez com ela (ah, era o Alessandro que fugiu e queria conversar), ela explodiu. Até que demorou, sabe? Foi um longo período de dor. E sinceramente? Não foi ela quem passou dos limites. Foi sua mãe que não soube medir as palavras.

Fiquei calada, estava cansada demais pra falar e brigar. Grogue com os remédios e sem condições de me defender.

- Eu somente queria pedir desculpas pela minha mãe, seria demais?

- A esta hora da madrugada? Sim, seria. Deixa a dor passar, o calmante fazer o efeito e as feridas estarem mais fechadas. Dê a ela o tempo que o médico pediu. E depois a procure, fale com ela e resolva todo este embrolho.

Alessandro, vou te contar um segredo. Quando ela descobriu que estava grávida da Sophia, ela guardou pra si a informação de quem era o pai. Não permitiu que ninguém invadisse a privacidade dela. Sentia um medo enorme de perder a filha. E hoje, com os comentários da sua mãe, tudo veio a tona.

- Eu só queria entender porque ela sempre escondeu a Sophia de mim.

- Bem, pelos comentários da sua mãe, acredito que ela tinha razão de fazê-lo. Ela sempre amou demais esta menina - especialmente, porque, hoje eu sei, que ela te amou de primeira e a Sophia é o melhor presente que poderia ter dado a ela.

Ela está magoada demais, sofreu demais, entenda isto, ok? Volte pro seu quarto, se cuida. Conheço minha irmã, assim que estiver em condições irá falar com você.

Não ouvi o resto da resposta, cai no sono que o remédio proporcionava e dormi agitada, mas profundamente.

Mas diferentemente do que Ana alegará a ele, não o procurei no dia seguinte e nem nos próximos. Foquei em Sophia e somente nela. Todo momento possível ficava ao lado dela e sempre que ele entrava no quarto pra vê-la eu saia.

Os dias se passaram assim, em silêncio entre nós. A mãe dele não mais voltara ao hospital. Alguns dias depois ele teve alta e começou a dividir seus dias de trabalho com as visitas a Sophia.

- Mãe, mamãeeeeeeeeeeeeeeee! Você não está me ouvindo! Quero que me conte uma história!

- Ai Sophia desculpe, mas já é tarde, quase onze da noite, eu e você precisamos dormir mocinha... vamos aproveitar esta última noite no hospital e dormir bastante, porque amanhã cedo você ganha a liberdade.

Ouvi baterem na porta e Alessandro entrou tomando cuidado pra não forçar a barra comigo.

- Papai! Senta aqui e me conte uma história! Mamãe num quer fazer.


- Meu amor, você é um comandante, hein? E não é ‘num quer fazer’; o certo é falar: “mamãe não quer fazer”. E sua mãe está cansada demais pra fazê-lo. Vamos lá, eu conto a história. Qual você quer que eu leia?

Fiquei olhando os dois, de novo veio o medo de ter que separá-los. Analisando todo o amor e o carinho que ela tinha por ele. E assim, vendo-os juntos me perdi em pensamentos e lembranças de coisas que nunca vivenciamos até que ela dormiu.

- Ufa! Finalmente essa mocinha dormiu. Estava em cólicas, queria falar com você Alessandro.

Imediatamente a imagem dura e profissional voltou ao seu rosto, vi que ele olhava para o relógio, meio que dizendo se aquela era a melhor hora, mas engoli o orgulho. Havia tomado uma decisão e precisava fazer naquele momento.

- Eu não sei o que você pretende fazer a partir de amanhã. Eu sei que sua mãe tem razão ao falar sobre o fato dela ser sua herdeira e tudo mais. Mas eu queria te pedir uma coisa.

- O quê? Não acho que você tenha condições de me pedir algo. Privou-me da companhia dela por 5 anos, somente me procurou no momento de crise, e fez questão de deixar claro que o que queria de mim era uma forma de salvar  Sophia. O que mais quer de mim?

- Quero saber se pretende sumir de nossas vidas e caso, este seja seu plano, gostaria de pedir que não se afaste de minha menina. Ela adora você, isto é visível.

- Não, não farei isto. Pretendo tê-la ao meu lado, manter contato diário e tudo mais. Ela é minha filha, me conquistou quando entrei neste quarto algumas semanas atrás e vi o sorriso nos olhos dela. Não pretendo fazer isto.

- Obrigada.

- Não me agradeça. Não faço isto por você, só não entro na justiça pela guarda dela porque sei que ela irá sofrer demais com sua ausência. E também com a minha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário, dicas e sugestões.
Tem blog? Deixe o link, vou te visitar!
Me siga, informe, que eu sigo de volta. Bjs