08 outubro 2012

Noiva. Em Guerra

 NOIVA


Casamento é coisa séria! (Ichh lá vem minha mãe me encher o saco). Tá ouvindo o que eu tou dizendo? Acho que voce nunca ouve mesmo. Não me surpreenderia que voce daqui a oito ou sete meses me apareça com um neto, voce tomou essa decisao tão rapido. Eu nem conheço o cara. bla bla bla bla bla.
E assim foram duas horas de uma estressante tarde, parecia que ela não se cansava. Quando eu tentava argumentar ela vinha com mais reclamações. Quando eu calei a boca e achei que ia acabar ela parava por cinco minutos para me dar a chance de retrucar e começava a ladainha novamente quando ela percebia que eu não ia, recomeçava. A frase que mais me chateava era "Se seu pai estivesse aqui ele jamais permitiria isso!". Voce deve estar achando que eu sou uma dessas adolescentes impressionaveis que no primeiro beijo na boca estão apaixonadas e casando com o primeiro cara que diz eu te amo, mas não, eu tenho 31 anos, sou professora, e todos já me consideravam a típica solteirona. Meu perfil indicava exatamente isso. Meus irmãos me chamavam de tia e eu demorei muito pra perceber que havia mais que tomar conta dos meus pais no mundo. Não que eu não fosse cuidar de minha mãe, posto que meu pai havia falecido ha seis meses. Mas eu queria mais que aquela vida sem sal que eu estava levando. Então no dia que eu anunciei que eu ia me casar a primeira reação de minha familia foi rir achando que era algum tipo de piada. Quando perceberam que eu estava falando serio as reações foram de um meus parabéns sem graça de minha cunhada até a atitude irada de minha mãe a tarde toda. Pior que era domingo e eu nem tinha pra onde fugir.
Eu me casei no dia 19 de agosto de 2005. E minha mãe repetiu umas 500 vezes que agosto era o mes do desgosto e que me casar naquele dia ia dar azar. Agora ela ja conhecia o Marcos. E mesmo assim não gostava dele, ele era o pai de um dos meus alunos mais problematicos, o Davi. Marcos era viúvo e tinha tres filhos pequenos. A cunhada dele era quem cuidava das crianças. Dois anos antes o Davi veio pra minha sala trazendo um caminhão de revoltas pela morte da mãe. Deus era o alvo preferido dele. Eu mandei chamar o responsavel, e enquanto o menino estava louco com a precoce morte de sua mãe a tia parecia nem se importar. Passei a chamar o pai da criança e foi onde nasceu uma grande amizade entre eu e o Davi e um enorme amor entre eu e o Marcos. Tudo estava lindo até o dia 21 de agosto de 2005. Acreditem em mim, praga de mãe pega!

EM GUERRA!!!!

Eu cheguei em casa de minha curta viagem de lua de mel. Estavam em frente a minha nova casa o Davi, mais  velho e liderando o grupo, o Marcos Jr. do meio e a Thainá a caçula. Pareciam anjos me dando as boas vindas, logo eu descobri que não era bem assim.
Por quase um ano eu sofri pequenos acidentes domésticos por causas desconhecidas. Sal no lugar de açúcar. Leite azedo no lugar de leite fresco, baldes de agua onde eu guardava livros e pertences da escola. o ferro de passar ligado quando eu havia desligado etc... Mas nada se comprou ao dia 2 de julho de 2006, data do meu aniversário... Eu ja não era mais professora do Davi, porque ele foi para o segundo ciclo do ensino fundamental. Nem do Marcos Jr que estava no ciclo basico e a Thainá estava só com 4 anos no pré. Eu nunca havia contado nada das coisas que meus enteados faziam comigo porque não achei justo envolver outras pessoas naquilo. Eles eram só crianças me achando uma intrusa, logo eles percebem que não é assim e param. Eu havia me enganado. Meu aniversário foi um completo desastre. Eles cobriram meu bolo de cocô (fezes mesmo, pra quem está achando que é coco) fizeram xixi nas garrafas de cerveja, colocaram insetos mortos nos salgados, eles eram pestes. Pela primeira vez em toda minha vida eu tive uma crise nervosa. Eu estava possessa e acabei parando no hospital. Ahh eles iriam ver comigo. Eles iam me pagar. Depois que eu saí do hospital, eu comecei a me fingir de vítima. E a atormentar a vida daquelas pestes tanto quanto eles atormentavam a minha. Comecei a cozinhar comidas horriveis pra eles comerem e a devolver as gentilezas de sal, açúcar e leite azedo. Agua em cima da cama e outras maldades. Eu sabia que eu estava sendo má, mas eles foram piores. Meu casamento se tornou uma verdadeira loucura e em 15 de janeiro de 2008 eu me divorciei. Sim, eu saí daquele hospicio e retomei as redeas de minha vida. Hoje sou casada com um militar 10 anos mais jovem e sem nenhum filho. E quando a minha adorável sogrinha vem nos visitar ela sempre diz assim "Tão triste uma mulher seca como uma arvore velha..." No começo eu não retrucava agora  eu digo. Que pena que a senhora se sente assim minha sogra, deve ser triste mesmo a chegada da idade, mas eu prefiro ser como um Ipê, quando todas as folhas caem ele floresce, sem dar nenhum fruto, mas continua sempre lindo. Eu costumo dizer que cada cabelo branco e cada ruga que eu tenho eu agradeço aos meus enteados. Sou do partido, sem filhos sou mais feliz!!

Essa é a historia de uma conhecida. Ela tem 38 anos mas aparenta ter uns 25. Ela diz que a melhor coisa que lhe aconteceu foi o divórcio. Ela não tem gatos, cães nem nada pra ela cuidar. A história completa é mais divertida, os detalhes são. Dá pra dar boas risadas, mas eu tive que resumir, porque mal estou tendo tempo de postar nada aqui. Desculpem então se não ficou tão engraçado, mas se voces imaginarem essas crianças cobrindo o bolo de aniversario de uma pessoa de cocô vão perceber o que ela passou... Até a próxima.

2 comentários:

  1. fico imaginando a cena do coco...juro q se fosse eu no lugar, alguem sairia morto nesse dia! hehe

    como sempre adoro seus textos, bem escritos e cheios de humor. Ja estava com saudades deles.

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  2. Tb estava com sds de vc por aqui!!!!

    Adorei o texto!

    Muito bom, ri bastante, mas me fez pensar: eu estou namorando um que tem 4 filhos, será que rola??? Talvez o namoro (e somente este) seja uma boa alternativa por hora, manter o os anjinhos a distância, hehehehehe.

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