08 dezembro 2012

Encontro Inesperado - capítulo IX




- Alessandro,  tenho uma foto pra te mostrar. Uma foto que troco todo mês há 5 anos. Quero que você preste atenção nos detalhes, especialmente no sorriso e nas...

- É a foto da sua criança? Aquela que você esperava da última vez que nos encontramos?

- Sim, exatamente.

- Me recordo que você disse que eu não era o pai desta criança.

- Por favor, somente veja a foto. Primeiro veja a foto e depois tenha um pouco de paciência.

Abri a carteira e de lá tirei a foto da Sophia. No dia que a batia, ela estava muito mal humorada. E era impressionante a semelhança da expressão dela com a expressão que o pai fazia naquele momento.

Quando ele pegou a foto e começou a olhar, sua expressão foi mudando, passou do reconhecimento, da surpresa, da tristeza para a raiva...

- O que você quer dizer com isto? Que ela é minha filha? Está achando que eu vou cair neste conto? Está achando que poderá me dar o golpe da barriga depois de todos estes anos?

- Alessandro, calma. Tenho um assunto mais sério pra tratar com você e...

- E, o que? Você acha mesmo que eu vou te dar alguma recompensa por ter uma criança minha? Saiba que se ela for de fato minha, você irá perder a guarda dela, porque irei tirá-la de você e...

Neste momento perdi a cabeça e gritei aos plenos pulmões o que há semanas não vinha conseguindo pronunciar uma única vez se quer.

- Ela tem leucemia! Leucemia! Entende? O que eu quero de você não é seu dinheiro, não é o seu nome. É a possibilidade de salvar a minha filha. Leucemia, você sabe o que é isto? Se não tiver a decência de me ajudar agora, não haverá motivos pra brigar na justiça.

Você acha mesmo que depois de 5 anos eu viria aqui, te procurar por causa de algum dinheiro? Você é tão arrogante, prepotente, que acha que o mundo gira em torno de você.

Mas saiba que não. A única coisa que preciso é que doe sua medula a ela, caso você seja compatível...

E não agüentei mais! O choro de semanas veio a tona com meus gritos e me vi nos braços dele, aos prantos, com a foto dela presa em minhas mãos.

Com dificuldade, o homem doce daquela noite reapareceu, me acalmou, e parou pra ouvir. Sempre meio distante, mas ainda assim, atencioso.

Depois que me acalmei, ele me fez contar a história em detalhes e me vi falando do assunto que me machucava com certa facilidade, ainda com choro, ainda com dor, mas ainda com facilidade.

- Alessandro, não me importo com seu dinheiro, sua posição social, não me importo com bens materiais. Tenho criado Sophia há 5 anos completamente sozinha. Nunca precisei de você nem mesmo pra comprar um alfinete. Nunca pensei em te procurar antes. Na verdade eu pretendia nunca deixar você saber. Mas o destino não quis concordar comigo.

Irônico isto, não? Mas a única coisa que eu não pude dar, talvez esteja a seu cargo fazer. Eu te imploro, faça o exame, e se o resultado for compatível com ela, doe a sua medula. E depois, eu prometo!, não te procuro nunca mais.

Você não precisa nem fazer o exame de DNA e...

- E não preciso mesmo. Ela sou eu, se eu a visse na rua iria somar 2 + 2 rapidamente. Os meus olhos, as minhas covinhas, a cor do meu cabelo quando criança, até o dedão da mão esquerda meio tortinho ela tem. Você sabia que a cor dos meus olhos é rara e que bem poucos a tem?
Parou e ficou me olhando, durante alguns segundos no mais completo silêncio e com a dor estampada no rosto me perguntou a única coisa que eu não saberia responder claramente:

- Por que você escondeu isto de mim por tanto tempo Linda, por quê?

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