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Alessandro, tenho uma foto pra te
mostrar. Uma foto que troco todo mês há 5 anos. Quero que você preste atenção
nos detalhes, especialmente no sorriso e nas...
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É a foto da sua criança? Aquela que você esperava da última vez que nos
encontramos?
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Sim, exatamente.
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Me recordo que você disse que eu não era o pai desta criança.
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Por favor, somente veja a foto. Primeiro veja a foto e depois tenha um pouco de
paciência.
Abri
a carteira e de lá tirei a foto da Sophia. No dia que a batia, ela estava muito
mal humorada. E era impressionante a semelhança da expressão dela com a
expressão que o pai fazia naquele momento.
Quando
ele pegou a foto e começou a olhar, sua expressão foi mudando, passou do
reconhecimento, da surpresa, da tristeza para a raiva...
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O que você quer dizer com isto? Que ela é minha filha? Está achando que eu vou
cair neste conto? Está achando que poderá me dar o golpe da barriga depois de
todos estes anos?
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Alessandro, calma. Tenho um assunto mais sério pra tratar com você e...
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E, o que? Você acha mesmo que eu vou te dar alguma recompensa por ter uma
criança minha? Saiba que se ela for de fato minha, você irá perder a guarda
dela, porque irei tirá-la de você e...
Neste
momento perdi a cabeça e gritei aos plenos pulmões o que há semanas não vinha
conseguindo pronunciar uma única vez se quer.
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Ela tem leucemia! Leucemia! Entende? O que eu quero de você não é seu dinheiro,
não é o seu nome. É a possibilidade de salvar a minha filha. Leucemia, você
sabe o que é isto? Se não tiver a decência de me ajudar agora, não haverá
motivos pra brigar na justiça.
Você
acha mesmo que depois de 5 anos eu viria aqui, te procurar por causa de algum
dinheiro? Você é tão arrogante, prepotente, que acha que o mundo gira em torno
de você.
Mas
saiba que não. A única coisa que preciso é que doe sua medula a ela, caso você
seja compatível...
E
não agüentei mais! O choro de semanas veio a tona com meus gritos e me vi nos
braços dele, aos prantos, com a foto dela presa em minhas mãos.
Com
dificuldade, o homem doce daquela noite reapareceu, me acalmou, e parou pra
ouvir. Sempre meio distante, mas ainda assim, atencioso.
Depois
que me acalmei, ele me fez contar a história em detalhes e me vi falando do assunto
que me machucava com certa facilidade, ainda com choro, ainda com dor, mas
ainda com facilidade.
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Alessandro, não me importo com seu dinheiro, sua posição social, não me importo
com bens materiais. Tenho criado Sophia há 5 anos completamente sozinha. Nunca
precisei de você nem mesmo pra comprar um alfinete. Nunca pensei em te procurar
antes. Na verdade eu pretendia nunca deixar você saber. Mas o destino não quis
concordar comigo.
Irônico
isto, não? Mas a única coisa que eu não pude dar, talvez esteja a seu cargo fazer.
Eu te imploro, faça o exame, e se o resultado for compatível com ela, doe a sua
medula. E depois, eu prometo!, não te procuro nunca mais.
Você
não precisa nem fazer o exame de DNA e...
-
E não preciso mesmo. Ela sou eu, se eu a visse na rua iria somar 2 + 2
rapidamente. Os meus olhos, as minhas covinhas, a cor do meu cabelo quando
criança, até o dedão da mão esquerda meio tortinho ela tem. Você sabia que a
cor dos meus olhos é rara e que bem poucos a tem?
Parou
e ficou me olhando, durante alguns segundos no mais completo silêncio e com a
dor estampada no rosto me perguntou a única coisa que eu não saberia responder
claramente:
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Por que você escondeu isto de mim por tanto tempo Linda, por quê?
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