-
Porque eu sabia que a tua atitude seria exatamente a que você está tendo. Achar
que era um golpe pra ficar com seu dinheiro e depois que você iria querer
tirá-la de mim. Eu sou doída por esta menina, não sei viver sem ela. Por favor,
vá fazer o exame. Eu te prometo que irei sumir da sua vida após tudo isto
passar.
Senti
sendo puxada pros seus braços, suas mãos em meus cabelos. Ouvia sua respiração
entrando nos eixos, sua pulsação se acalmando e me levando a acalmar com ele.
Podia notar que ele pensava, pensava febrilmente em tudo que eu tinha lhe
contado. E podia sentir que uma ideia, um plano estava nascendo.
-
Uma coisa por vez, ok? Primeiro farei o exame. Vou desmarcar meus compromissos,
fechar a agenda e focar nisto. Se o resultado for positivo, faço a doação da
medula. Se couber a mim esta ajuda, não vou negar, farei isto por ela.
Agora,
quanto ao que virá depois... não sei. Não quero me comprometer falando pra você
sumir, ou dizendo que eu irei assumi-la. Apenas vamos dar um passo por vez.
Combinado?
-
Sim, mas quando você poderá fazer o exame?
-
Agora. Vou fechar a agenda e me focar nisto.
E
para minha surpresa – sim, eu estava surpresa com a atitude dele, não esperava
por isto – ele cumpriu o prometido.
Cancelou
todos os compromissos que tinha naquele dia e foi comigo para o hospital. No
trajeto, aproveitou pra perguntar coisas como primeiras palavras, onde
estudava, comida preferida, data de nascimento – e para nossa surpresa, ela era
do mesmo dia e mês que ele. Quantas coincidências... será que aquela menininha
não tinha nada meu?
-
Bem, ela é doida por chocolate, e mesmo se chamando Sophia tem o apelido de
cacau. A primeira vez que comeu, foi fuxicando dentro do armário da cozinha,
tirando cada coisa do seu lugar, quando viu um pacote de língua de gato,
conseguiu abrir e comer e se lambuzar. Se sujou tanto que precisei dar um banho
nela. Mas antes bati uma foto pra mostrar para a posteridade. Quer ver?
Abri
o álbum de fotos do meu celular. Comecei a passar uma a uma. E lá estavam as
histórias de uma vidinha inteira ao lado de minha Sophia.
Achei
que ele não estava prestando atenção e deixei a mente divagar numa foto tirada
há uns 6 meses atrás, no parque da cidade, ela correndo atrás dos pombos.
Aquele dia tinha sido especial.
-
O que você está pensando? Não quer compartilhar comigo? Odeio quando fazem
isto.
-
Bem, deve ser porque você faz isto, não? Adora reter pra si toda e qualquer
informação.
-
Sim, mas isto faz parte da minha necessidade de me proteger no dia a dia
profissional.
-
É? Engraçado tem um ser que adora fazer o mesmo. Esconde todas as traquinagens
que faz.
-
Sério? Ela é tão parecida comigo assim? Mas, espere. Olha quem fala. Cinco anos
pra me contar uma novidade destas... isto sim que é reter informação.
-
Não é. É preservação.
Assim,
continuamos o percurso até o hospital. Ao chegar, encontrei minha mãe em
cólicas querendo saber onde eu estava e minha irmã que tinha saído pra pegar
sorvete pra Sophia, a deixado com a enfermeira.
Mas
nem parei pra conversar com elas. Fui imediatamente atrás do médico. Fiz as
apresentações e deixei Alessandro às voltas com o exame de sangue.
Fui
ver minha Sophia que dormia feito um anjinho e que nem notou quando ao seu lado
deitei.
Assim,
que comecei a refletir sobre tudo que tinha acontecido naquele dia, minha
família entrou querendo respostas e mais
respostas. Mas a melhor tirada foi da minha mãe.
- Você vai pra cama com o único cara que valeria
a pena investir, engravida e não conta pra ninguém? Acho que te fiz com um
parafuso a menos. – Mas antes que pudesse responder, Alessandro entrou no
quarto e fez com que o silêncio reinasse no espaço, não tinha como responder a
minha mãe com ele ali.
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