10 dezembro 2012

Que Seja Eterno enquanto dure...

   É difícil a gente perceber que um relacionamento vai mal. Pior ainda é perceber que ele acabou. E quando se percebe normalmente a gente percebe que TODOS, exceto nós mesmos havíamos percebido. Então você faz aquela pergunta: Porque ninguém me avisou? Quando na verdade você é o único responsável por isso. Mas não percebemos porque estamos magoadas e ocupadas em tentar salvar outras coisas enquanto nossa vida se arruína. Meire olhou pra mão esquerda.Quinze anos. E hoje depois de muitas brigas e disputas judiciais acirradas aquele pedaço de ouro em sua mão era a única coisa que restara. Na época em que se casara acreditara ser eterno, hoje via o fracasso de si mesma naquela certidão jogada em cima da mesa de cabeceira.Divórcio! Sua mãe estaria se revirando no túmulo.
    Conhecera o Antônio na escola. Ele tirava sarro por causa do aparelho nos dentes que ela usava. Ela devia ter o que? Uns doze? Talvez treze anos. Aquilo se tornou perseguição, todos os dias ele ria dela. E ela sempre tímida e acanhada detestava aquele garoto que as pessoas pareciam amar. Todos não perdiam uma piada do Toni, Ele era sensação. Naquele ano ela passara com média A, e pensara "Se Deus permitir eu não irei pra sala dele novamente", mas para sua infelicidade Antônio passara com média B, indo exatamente pra mesma sala que ela. Aquilo se repetiu até o oitavo ano. Ele sempre puxando suas tranças e fazendo piadinhas. Mas como tudo passa, o ensino fundamental passou. E com o ensino médio veio uma novidade: meu pai havia sido transferido de nossa cidade para Salvador. Era só festa pra mim, Gente nova, casa nova,   escola nova... Amei a ideia imediatamente. Quando cheguei em Salvador eu tive um choque cultural. As pessoas não só falavam engraçado como eu pensava, mas tinham modos diferentes. Comecei no colégio e percebi que eles eram bem atrasados em relação a Minas. O que eu havia aprendido dois anos atrás era a novidade daquela sala. Conversei com meu pai sobre isso e ele me pediu pra esperar, que talvez fosse só revisão, mas em Minas revisão era feita apenas do ano anterior e não desde a sexta serie. Bem no meio do ano eu percebi que desperdicei seis meses de aula, a turma era realmente atrasada. Eu estava desesperada. Mas meu pai resolveu me colocar numa escola particular. Então eu conheci a Rafaela. A Rafa era uma menina Paulista (correção Paulistana) que também foi morar em Salvador e como eu estava odiando. Ficamos amigas, mas a Rafa tinha um jeito todo descolado de ser. Ela era bonita, e destoava aquilo. Eu era o patinho feio perto dela, então um dia a Rafa resolveu mudar meu visual. E eu nunca tinha feito unha, usado batom, ou roupas da moda. Minha mãe me vestia como uma criança e eu me comportava como tal. Mas o mais chocante foi meu cabelo, a mãe da Rafa era cabelereira e eu tava com um mega medo de cortar mas a Rafa disse relaxa e eu relaxei. Quando eu cheguei em casa meus pais quase tiveram um surto. Meu cabelo era na cintura e agora estava pouco abaixo dos ombros. Eles nem repararam no resto do visual, só no que eu havia feito com meu lindo cabelo. Mas eles entenderam depois de um tempo. E eu fiquei a melhor amiga da Rafa. Eu tive vários namoricos nesses dois anos e meio. Aí eu fui pra faculdade. A Rafa quis fazer Analises Clinicas,eu não tinha estomago, fui fazer arquitetura. Mas estudávamos na mesma universidade. No segundo ano de arquitetura meu pai faleceu. Eu deixei a Rafa e Salvador e voltei pra Minas. Eu também deixei o Igor. meu namorado da época. Parei de estudar aquele semestre. Belo Horizonte não era mais o paraíso.

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