07 janeiro 2013

Caçadora


Olá, meu nome é Nastascha, já tive vários, mas eu gosto mais deste. Combina mais comigo, sou branca – extremamente branca. Cabelos loiros, longos, sedosos que descem até o meio das costas. Tenho os olhos verdes, mas, às vezes, eles ficam vermelho carmim. Tenho 1,70 de altura, sou magra, de mãos e pés delicados.

Dizem que pareço um anjo, alguns chegam a pensar seriamente que sou um anjo, mas não se engane, não sou. Sou uma caçadora, e uma das coisas que mais adoro fazer é me divertir com minha comida, ela sempre ganha um gosto bem especial antes de ser ingerida.

Neste momento pareço uma jovem gótica, estou de coturno, calça jeans skin preta, camiseta punk e as pontas do cabelo pintadas de rosa, maquiagem pesada e correntes. Sinto-me uma diva do Rock.

Apesar do calor insuportável que faz no Rio de Janeiro nos meses de dezembro e janeiro, gosto de ficar por aqui nesta época do ano. Sempre tem alimento farto e muita diversão sobrando.

É engraçado observar que a maioria das pessoas bebe e perde o juízo, o senso do ridículo e o pior ficam tentados a dormir com o inimigo. Isto me diverte pra caramba!!

Tenho 2 amigos na cidade, andamos por bares escuros, sombrios, onde o rock é pesado, nos divertimos bastante. Eles curtem drogas pesadas, acham isto um barato. Isto pra mim é uma vantagem, pois eles nunca vão me ver como eu sou de verdade.

Hoje, no meio da pista, enquanto dançava, quieta na minha, um cara com quase 2 metros de altura, pesando talvez uns 110 quilos, careca, troncudo e todo metido a gostosão resolveu criar confusão comigo.

Justo comigo? Putz! Estou parada, quieta na minha. Tem exatos 5 meses, 2 semanas, 3 dias e 5 horas que não me alimento direito – a dieta vegetariana estava fazendo efeitos... até agora!

Quando ele me agarrou pelo cabelo e me puxou pra junto do corpo dele, com cara de tarado, sorriso horripilante, suei frio, não de medo. Mas de fome! Meu corpo pediu pelo alimento, ali, naquela pista de dança. Poderia ter me alimentado dele até a última gota e ainda ter tido como sobremesa o nerd que passou a noite inteira me olhando que ninguém iria notar. Contive-me. Não há como controlar meus desejos, quando o frenesi do sangue quente, morno e humano entre em minhas veias.

Sim, sou uma vampira! Como humana nasci na Rússia cerca de 7 séculos atrás, como vampira, nasci aos 25 anos da vida mortal. Depois de ter feito muita asneira, de ter cometidos erros imperdoáveis até mesmo para minha espécie, aprendi a me controlar.

Poucos vampiros conseguem ficar entre os humanos como eu e não sair bebendo o sangue de todos antes de pensar no que está fazendo. Mas eu não, consigo selecionar minha comida, me dá prazer saber que entre os monstros que rondam a terra, eu posso fazer a limpa, me alimentar daqueles que não farão falta sobre a Terra. Tenho preferência por cretinos e idiotas como este que me agarra agora. Com certeza, ele aterrorizou a vida de muitas jovens antes de topar comigo neste bar.

Voltemos ao idiota que me segurou com tanta agressividade. Permito que ele olhe dentro de meus olhos e veja um pouco do eu sou, peço para ele me soltar e aviso que caso não o faça o risco será todo dele.

- Risco?! Menina idiota, antes que a noite acabe você será minha e ainda irá implorar para eu não parar.

Que atrevimento! Ele não prestou atenção em nada do que eu mostrei a ele com um simples olhar... quando idiotice!

Sem ele esperar, giro meu corpo, torço o braço dele e saio do abraço que ele achava que era de urso. Ele se assusta e me dá um olhar de quem ainda não se convenceu de que eu não sou o anjo que ele pensa.

- Meu anjo, não tem mulher que foge de mim. Tenho te observado há alguns dias. Gosta de andar pela madrugada sozinha, ronda bares pequenos. Sei que está a procura de alguma droga pra usar e ainda vou te pegar. Pode acreditar.

- Não sou uma pessoa, não sou comum... se fosse você não continuaria com esta conversa. E, se fosse você, manteria distância do que acha que sabe...

Sai andando e ouvi ele rindo e prometendo que ainda está noite iria me mostrar o caminho do paraíso.

Ele não sabe, mas é o meu tipo preferido de comida. Hoje a gata sobe no telhado! E como sobe!

Fico no bar durante todo o tempo que ele fica. Quando ele sai e entra no carro – uma pick up velha e decadente – o acompanho por sobre os muros e telhados da cidade.

Ele se direciona para o cais, praça Mauá, uma região onde os prédios sedem espaço para antigos e decadentes casarões. Melhor pra mim, pular de prédio em prédio, as vezes não é tão emocionante como os filmes de Hollywood fazem crer.

Ele entra pela porta da frente num casarão velho, caindo aos pedaços, que cheira a mofo, comida estragada, roupa suja e... ops! Espera! Começou a ficar interessante... cheiro de morte! Alguém morreu aqui e não tem muito tempo, talvez uns 2 ou 3 meses.

Encostada no velho armário do quarto eu o espero. Ah, homens, quanto maiores e rudes, mais nojentos e propensos a produzir gazes eles são. Mas o cheiro que ele exala não consegue encobrir o delicioso cheiro que vem do sangue dele.

- Oi. Você não me esperou quando saiu do bar... resolvi te seguir.

- Como você chegou aqui tão rápido? Não vi nenhum carro passando por mim. Como sabe meu endereço???

- Perguntas, perguntas e mais perguntas... me diga, não era você que tinha prometido me dar alguma diversão? Pois bem... eu a quero. Vamos fazer o seguinte: vou te dar cinco minutos de vantagem. Você pega o carro e sai correndo a toda.

-Qual é! Está achando mesmo que eu vou cair na sua? Ele tenta me segurar pelo braço – adoro esta parte, quando demonstro que tenho mais força do que o próprio Mike Tyson. O arremesso na parede com um simples golpe.

Pulo sobre ele com as presas bem expostas, demonstrando a ele toda a minha ‘anjura’. Ele se assusta ao descobrir que não tem como me tirar de cima dele, sente meus caninos perfurando seu ombro e seu grito para mim é delicioso. Ah, adoro quando a comida pede por socorro.

- Vá, corra, fuja... como disse: tem 5 minutos de vantagem. Se conseguir fugir de mim, prometo que não volto pra me alimentar de você.

Seus passos correndo rumo a escada, soam aos meus ouvidos antes mesmo que eu conclua a frase. Está noite será maravilhosa... adoro caçar. Não qualquer um, mas os monstros que se aproveitam de jovens indefesas para saciar seus instintos mais selvagens.

Bem, eu me aproveito dos cretinos pra alimentar meu corpo. Afinal um vampiro não se mata com facilidade, muito menos de fome. Tentei virar vegetariana (como li num livro de adolescentes), mas não consigo me controlar, o sabor do sangue humano é inigualável. Aproveito os séculos de prática para ficar dias e dias sem comer, me alimento dos cretinos do mundo.

E como estou com fome, saio correndo atrás da minha presa, que desesperada pegou o caminho para a ponte Rio-Niterói. Enquanto ele anda acima do limite de velocidade permitido, eu corro ao seu lado pela balaustra da ponte. De vez em quando, só pra dar um pouco de emoção, pulo sobre a caçamba e danço pra ele me ver pelo retrovisor.

Passo pelo pedágio, sem eles nem notarem que tem alguém ali. E o melhor, ele pega a Rio-Manilha, a estrada que liga o Rio a região do Lagos, super deserta...

Como estou com fome,  e o sangue que provei dele assanhou meu apetite, não resisto mais, antes do Shopping de São Gonçalo, resolvo atacar.  Pulo sobre a carroceria da pick up, e abro a porta do motorista. Rindo, o puxo pra fora e o jogo no acostamento.

- Você me prometeu diversão, não foi? Disse que me conhecia, correto? Pois bem, vou me apresentar: meu nome é Natascha, sou uma Vampira, tenho em torno de 700 anos, e o meu passatempo favorito é correr atrás da minha comida. Meu prato favorito? Homens enormes, canalhas, idiotas e que acham que as mulheres são brinquedos pra eles.

- Bem vindo ao meu mundo e volte pro inferno, porque antes que você compreenda o que estou falando verá o diabo dançando em sua frente. Beijos, durma bem.

Rindo o vejo tentar fugir de mim, mas antes que ele entenda o que está acontecendo, estou trepada em suas costas, e minhas presas estão em sua jugular.  Sinto o sangue em minha boca, correndo vivo pra dentro de mim, sinto o cheiro de sangue fresco e isto me dá o maior prazer.

Em poucos segundos, talvez 1 minuto, seu sangue está dentro de mim e esta é a minha droga. Jogo seu corpo imprestável pro lado, e antes de sair de lá, vejo que de fato aquele cretino viu o diabo antes de morrer, sua cara estava assustada, os olhos arregalados de pavor.

Mais uma alma que não vale a pena rezar, mais um cretino a menos no mundo!!!

É por isto que gosto de pensar em mim como uma justiceira, uma vampira honesta que está limpando a sujeira do mundo. Por enquanto eu continuo por aqui, gosto do Rio, do povo alegre e divertido, do mar (adoro tomar banho de mar) e de sair a caça dos idiotas que infestam a cidade, comida farta e saborosa.

A dieta? Bem, posso deixá-la de lado, afinal tem muitos canalhas e cretinos para eu tirar da Terra, são as melhores comidas que eu possa ter e assim, vou continuar, vai que um dia eu faça a diferença, não é?!

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4 comentários:

  1. A-M-E-I!!!!!!!!!!!!!!!

    Por favor, escreva mais!
    Natasha é uma espécie de vampira e heroína, isso daria outros ótimos contos, pense nisso. hehe

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  2. Aahhh que tudoooo *---*

    "Era Ana Paula, agora é Natascha, usa salto 15 e saia de borracha!"

    Mais, mais, mais!!

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  3. Owwwww...

    Dona Claudia, vc precisa escrever mais e urgente... Quando a Giuh me falou sobre o seu conto, eu achei que era coisa de filha... Mas estou surpresa!

    Parabéns!

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